Total de visualizações de página

domingo, 30 de abril de 2017

O choro preso no peito

dias e dias eu passei segurando
o choro preso no meu peito

alguns deles fui sorrindo
em outros me escondendo

evitando perguntas, evitando pessoas
por desconfiar de tudo, desconfiar de todos

a vida nos prega muitas peças
e nem sempre ouvir "você é forte, vai dar tudo certo" é o que precisamos

esse mundo ta estranho,
e eu eu vou o acompanhando
nesse mar de ilusões
fingindo que não estou me importando

mas uma hora a casa cai
uma briga, uma palavra ou uma foto

algum desses um dia vai te fazer cair na real
e perceber que não é assim que as coisas deveriam ser, que nem sempre forte você precisa parecer

acordei com o coração disparado
e a mente perturbada

mas tudo que eu escutava era "vai ficar tudo bem"
mas quando? e até lá?

até quando eu deveria fingir estar bem?

devemos sim seguir em frente
e superar aquilo que não deu certo no passado

mas, para isso,
é preciso o momento da dor
de sofrer, de lembrar, de chorar

e foi isso que me aliviou,
pelo menos um pouco.

pensar que não sou de ferro
e que não importa o que o mundo vai pensar

pois só quem tem um choro preso no peito
sabe exatamente o que pode lhe aliviar.

sábado, 29 de abril de 2017

Macunaíma - Mário de Andrade

Macunaíma é um romance do escritor brasileiro Mário de Andrade e foi publicado em 1928, sendo considerado um dos grandes romances modernistas do Brasil.

Devido a época e o contexto literário, a obra apresenta características peculiares, que, confesso, me deixaram um pouco confusa durante o desenrolar da história.

Porém, se trata de um livro clássico brasileiro que merece muito prestígio.

Para os interessados, vou deixar aqui um breve resumo dessa história que, apesar de parecer meio maluca, apresenta grandes críticas importantes para o contexto inserido.

A obra se inicia com o nascimento de Macunaíma, que desde já manifesta sua principal característica: a preguiça. 

O herói vive às margens do mítico rio Uraricoera com sua mãe e seus irmãos, Maanape e Jiguê, numa tribo amazônica.
Após a morte da mãe, os três irmãos partem em busca de aventuras. Macunaíma encontra Ci, Mãe do Mato, rainha das Icamiabas. Depois de dominá-la, com a ajuda dos irmãos, faz dela sua mulher, tonando-se assim imperador do Mato Virgem.  
O herói tem um filho com Ci e esse morre, ela morre também e é transformada em estrela. Antes de morrer dá a Macunaíma um amuleto, a muiraquitã (pedra verde em forma de sáurio), que ele perde e que vai parar nas mãos do mascate peruano Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piaimã, comedor de gente. Como o gigante mora em São Paulo, Macunaíma e seus irmãos vão para lá, na tentativa de recuperar a muiraquitã. 
Após falhar com o plano de se vestir de francesa para seduzir o gigante e recuperar a pedra, Macunaíma foge para o Rio de janeiro. Lá encontra Vei, a deusa sol, e promete casamento a uma de suas filhas, mas namora uma portuguesa e enfurece a deusa. Depois de muitas aventuras por todo o Brasil na tentativa de reaver a sua pedra, o herói a resgata e regressa para a sua tribo. 
Ao fim da narrativa, vem a vingança de Vei: ela manda um forte calor, que estimula a sensualidade do herói e o lança nos braços de uma uiara traiçoeira, que o mutila e faz com que ele perca de novo – dessa vez irremediavelmente – a muiraquitã. Cansado de tudo, Macunaíma vai para o céu transformado na Constelação da Ursa Maior.

Recomendo aos que se interessam por leituras que, apesar de exigirem maior atenção, apresentam grande profundidade.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Capítulo 7

Quando caí na real de que estava no meio do shopping - mesmo estando totalmente vazio naquele horário - interrompi aquele beijo que demonstrava mil emoções e foi quando, por alguns segundos, fiquei morrendo de medo sem saber o que aconteceria nos próximos instantes.

Mas, ao olhar pro Artur e ver que ele sorria, fiquei um pouco mais aliviada. Pelo menos não ficaria o clima tenso que eu imaginara que poderia ocorrer. 

Ao invés disso, ele sugeriu que fôssemos indo para o cinema e verificássemos se não havia uma sessão mais cedo, já que a nossa ainda demoraria mais de uma hora para começar. E, assim que comecei a andar, me assustei quando quando ele disse:

-Ei, eu quero minha mãozinha.

Ele estava mesmo sugerindo que andássemos de mãos dadas após o primeiro beijo? Isso não era nada típico, e não imaginava tal atitude vinda dele.

-Por que você ta rindo assim? Só por que expus meus sentimentos ao pedir pra andar de mãos dadas?

-Não é isso, só não é muito comum garotos fazerem essa sugestão bem depois do primeiro beijo, mas tudo bem, eu faço o sacrifício de andar assim com você.

Se eu já tinha andado de mãos dadas com algum garoto, não me lembrava, mas a forma com que nossas mãos se entrelaçaram foi tão natural que acabei gostando bastante. Elas pareciam ter sido feitas para encaixarem uma na outra.

O papo continuou fluindo bem durante o curto trajeto, e, ao chegar ao cinema, vimos que, naquele momento, só teria a opção de assistir Carrossel 2.

Claro que não perdi a oportunidade de fazer piada, mais uma vez, por ele gostar da novela infantil.

-Quer assistir seu filme preferido Artur? Sei que você vai gostar muito mais do que de "Como eu era antes de você. 

-Ha ha ha, você tá engraçadinha hoje, hein?! O que você sugere?

Ele sabia o quanto eu era indecisa, e acabou tomando frente.

-Tá bom, já que por você tanto faz, que tal a gente assistir Carrossel mesmo, já que o outro vai demorar? Outro dia a gente combina e eu vejo ele com você também.

Opa, aquilo já era um planejamento de encontros futuros? Concordei sem questionar e fomos comprar os ingressos.

*

Só havíamos nós dois no cinema, afinal, era horário de almoço de uma quinta-feira.

Quando entramos, os trailers já haviam começado, e conversamos até o filme começar. Vendo que não chegaria ninguém mesmo, passamos o filme inteiro entre conversas, risadas e beijos. 

Eu parecia estar em um sonho, numa cena inimaginável. 

Era o segundo cinema que íamos juntos, mas o primeiro como algo um pouco além de amigos, e eu só queria saber o que ocorreria depois daquilo. 

Pelo visto, o Artur também estava se torturando com essa dúvida, e assim que saímos da sala de cinema - de mãos dadas e sorriso de orelha a orelha - resolvemos tomar aquele milkshake maravilhoso de ovomaltine que vendia no Bob's para passar mais um tempinho juntos.

Estávamos sentados lado a lado na praça de alimentação vazia quando ele soltou a pergunta que não queria calar.

-Tá, e agora? Como a gente fica?

Por mais que já estivesse pensando nessa pergunta por um tempo, não estava preparada para recebê-la tão diretamente. Normalmente, esse assunto não era tocado tão rapidamente nos relacionamentos que eu já tinha presenciado, mas já estava tudo exposto demais pra eu tentar esconder qualquer sentimento, e se ele estava sendo sincero comigo, eu também seria, mas antes queria saber o lado dele, e incrivelmente ele concordou em dizer primeiro.

-Olha Júlia, sei que você deve estar me achando muito precipitado, mas eu realmente gosto de você e acho que já é tarde demais pra negar que há algo forte entre nós.

-Eu sei Artur, eu também gosto muito de você, mas nós ficamos pela primeira vez hoje, é difícil tomar uma decisão maior agora.

-Sim, mas você sabe que sou ciumento, não aguentaria ter que dividir você com outros caras, esse lance de "amizade colorida" não funcionaria com a gente.

E eu concordava com isso. Uma coisa é ficar com caras em que não há sentimento nenhum envolvido, e outra é ver a pessoa que você gosta fazendo isso, e eu também não queria dividi-lo com nenhuma outra mulher.

-Ok, eu penso a mesma coisa, então, como já começamos mesmo, que tal a gente seguir assim? Eu não quero outras pessoas agora, e estou disposta a tentar fazer a gente dar certo. Vamos ficando um com o outro, e se continuar assim a gente pensa depois o que faremos... que tal?

Seus olhos brilhavam de uma forma mágica enquanto eu falava sem graça. E mais uma vez nos beijamos, dessa vez com a certeza de que aquela não seria a última.

-Eu acho que vai ser maravilhoso.

domingo, 16 de abril de 2017

Chocolate - livro

Chocolate começa com chegada da misteriosa forasteira Vianne Rochet e de sua filha Anouk na pequena cidade francesa de Lansquenet-Sous-Tannes, fato que muda para sempre a vida de seus habitantes.

Vianne abre uma loja especializada em chocolates finos bem em frente à igreja.

Porém, o local é visto pelo cura do vilarejo - o padre Reynaud, um homem com um grande mistério escondido em seu passado - como uma ameaça à integridade de seu rebanho.

Criando uma atmosfera fantástica e mágica, os aromas e sabores dos doces não provocam apenas o paladar dos moradores de Lansquenet. Liberam, também, paixões e desejos reprimidos, o que é tomado como influência demoníaca pelo padre.

'Chocolate' é um romance excelente, que marca a estréia da escritora Joanna Harris. É leitura mais saborosa que os quitutes de Vianne.

sábado, 1 de abril de 2017

Dia ruim

sabe quando
você vai se cansando aos poucos?
vai deixando as tristezas se acumularem
e virarem uma bola de neve?

sabe quando
você tem um dia ruim
e não tem vontade nem de se mexer?

sabe quando
nos sentimos sobrecarregados,
sem saber por onde seguir?

é nesse momento que você prova que se importa
que mesmo eu dizendo vai, você fica

sabe quando a pessoa se importa de todo o coração?
ela vai atrás
ela procura
ela manda uma mensagem
ela te telefona
ela faz qualquer coisa
pra tentar te fazer sorrir

e é disso que precisamos
ao passar por um dia ruim