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domingo, 21 de outubro de 2018

A SUTIL ARTE DE LIGAR O F*DA-SE - MARK MANSON

Uma grande amiga, vendo que eu estava passando ppr uma fase de grandes conflitos internos, resolveu me presentear com esse livro.

A princípio, confesso que não gostei da ideia. Pensei que seria apenas mais uma tentativa falha de autoajuda. Nada contra esse tipo de obra, já li algumas ótimas. O problema está em colocar aquelas lindas palavras em prática.

"Pensar positivo sempre, confiar, acreditar que vai dar tudo certo..."

Na teoria, parece ótimo, mas acredito que, para a maioria das pessoas, há uma grande dificuldade em colocar isso em prática.

E foi por isso que gostei tanto de "A sutil arte de ligar o f*oda-se".

Mark Manson não floreia a realidade, e sim coloca em pauta os grandes desafios da vida e como devemos aceitá-los para que possamos resolver. Assumir que não temos culpa dos desastres ocorridos, mas que somos responsáveis pela importância que damos e ele e pelo modo que deixaremos que nos afetem.

Aceitar a dor, viver a dor, e agir para que possamos superá-la foi o que Mark me transmitiu de um modo leve e realista. A utilização de um vocabulário coloquial e de exemplos de problemas enfrentados no nosso cotidiano fazem com que percebamos que os conflitos são comuns e vão sempre existir, o que devemos mudar é o nível que deixaremos isso nos afetar.

Ao final da leitura, eu me senti mais leve, confiante e disposta a ser mais tolerante e persistente, e, por isso, acredito que todos devem dar uma chance a essa experiência incomparável.

Extremamente grata à minha amiga, pois antes era um livro que eu não compraria, mas que mudou a minha visão!

terça-feira, 9 de outubro de 2018

Capítulo 9

- Que tal amanhã?
- Vou consultar aqui na minha agenda se tenho um horário vago pra você
- Ok... se puder não ser entre seis e sete da noite... pra eu não ter que desmarcar meu médico de novo...
-Artur, mentira que você tinha médico!!! Por que não me avisou??

Confesso que, apesar de chamar sua atenção, no fundo fiquei feliz por ele ter remarcado a consulta - que eu nem mesmo sabia de que se tratava - por minha causa. Gosto mais dos números pares, e aquele dia 4 ficaria guardado pra sempre na minha memória, além de que acho que teria surtado de ansiedade se tivesse que esperar mais um dia para vê-lo, e foi exatamente isso que ele me respondeu.

-Então, se sua aula acaba às 16h... ah... vamos ter menos de duas horas pra encontrar se for antes da consulta.
E ouvir aquela voz triste já me cortava o coração.
-A menos que a gente saia à noite, você tem algum plano?

Eu tinha um aniversário que poderia levá-lo, mas concordamos que ainda era cedo demais para expor aos colegas aquilo que, apesar de parecer super sério, tinha acabado de começar. Até porque, quanto mais gente sabe, menos tem chance de dar certo. E se tinha uma coisa que eu queria era manter aquela relação segura para sempre!

*

Enquanto não decidíamos o que iríamos fazer no dia seguinte, já sofria de saudade. Como aquilo era possível? Eu já havia passado meses sem ver o Artur e agora, só de pensar em ter que esperar algumas horas para encontrá-lo, meu coração ficava apertado.

Resolvemos que ele passaria no CMil depois da minha aula de sexta-feira, e mesmo que pudéssemos ficar juntos só por duas horas, já era alguma coisa.

Combinamos de nos encontrar na esquina do meu colégio, para evitar que as pessoas vissem e começassem com as fofocas - tudo que não queríamos no momento. Mas, já no começo, tudo desabou. Estávamos a caminho da Praça Marília de Dirceu - que fica a mais ou menos três quarteirões da escola - quando achamos que já estaríamos fora de visibilidade e finalmente nos cumprimentamos com o beijo que implorava para ser dado. Ah... como ele era capaz de me fazer suspirar até que... alguma coisa me fez parar, o que tinha sido aquilo? Antes que pudesse dizer qualquer coisa, um vulto correndo e gritando nos chamou a atenção. Do outro lado da rua, ninguém mais ninguém menos do que Renata. Estava bom demais para ser verdade. 

Fiquei alguns minutos até absorver o que tinha acabado de acontecer, como aquela garota tinha ido parar ali bem naquele momento? Só podia ser uma perseguição. E pronto. Seriam questão de horas até a notícia se espalhar.

Mas o Artur me convenceu de que eu não poderia deixar aquilo nos afetar. Apesar de querer evitar energias negativas, mais cedo ou mais tarde isso aconteceria e eu sabia muito bem disso.

Continuamos o percurso ignorando o que tinha acontecido, e ainda bem que fizemos isso. Naquele dia, eu poderia jurar que nada nunca acabaria com o que sentíamos um pelo outro. Cada milímetro do meu corpo que se aproximava do dele já era capaz de me fazer arrepiar. Eu só desejava parar naquelas duas horas que passamos juntos rindo, conversando e beijando. Mas, mesmo passando como um minuto, já era suficiente para meu dia valer a pena.

Combinamos com nossas mães de nos buscarem lá, e mais uma vez o observei entrar naquele carro branco dos vidros escuros imaginando como seria sua mãe... se um dia eu a conheceria e se nos daríamos bem... mas calma! Cai na real Júlia, você está ficando com o menino há dois dias e já está pensando em uma possível futura sogra? Eu definitivamente precisava parar de criar expectativas.

*

Naquela noite acontecia a abertura das Olimpíadas 2016, e, com a televisão ligada na minha frente, eu nem percebi que já havia começado.

-Nossa, mas que celular que te hipnotizou hein ju? 
-Ah mãe... não é isso, é que você sabe que não tenho paciência com TV...

Aquilo não deixava de ser verd-ade, mas o real motivo era que eu realmente não conseguia parar de conversar com ele...

-Ju, o que acha de chamar o Artur para vir aqui amanhã então? Assim você pode largar desse aparelho que eu sei muito que te prende por causa dele! Apesar de que vou ter que dar uma saída, fala que estou chamando para um lanche!

Aquilo era demais. Minha mãe apoiando e um lugar que finalmente teríamos mais tempo e privacidade...

O Artur rapidamente topou a ideia, e eu mal poderia esperar as 15 horas do dia seguinte.

*

Estava tudo bem até uma hora antes do combinado, eu já havia comprado nosso lanche e só faltava me arrumar para esperá-lo. Mas, quando ele disse que sua mãe o levaria, um desespero começou a me atacar.

Eu deveria chamá-la para entrar????? Mas se ela visse que minha mãe não estava em casa, me acharia uma louca?????? O que eu deveria me vestir?????? Comecei a suar como se estivesse prestes a me casar.

-Clara, corre aqui, RÁPIDO, você PRE-CI-SA me ajudar - Eu gritava para minha irmã, em prantos.
-Socorro Júlia, aconteceu alguma coisa???? Você está bem????
-Me ajuda!!! - eu falava em meio aos soluços - o Artur está chegando e eu não sei o que vestir. Não sei se devo cumprimentar a mãe dele. Não sei como lidar. O cachorro dele também estará no carro, eu devo brincar com ele???? Mas e se eu parecer uma sem noção?????
-Irmã, não faz mais isso comigo, quase morri de susto. Em primeiro lugar, vai lavar esse rosto que já está ficando vermelho. Agora vem aqui. Respira. Para de bobeira e apenas seja você mesma, que é como ele te conhece há anos e deu certo até agora. Para de ser boba e vai logo se vestir, parece até que está indo se casar!!!! Deixa de ser boba, menina. Vai dar tudo certo, confia em mim. 

Apesar de não estar tão próxima da minha irmã nos últimos tempos, aquelas palavras tinham me acalmado um pouco. Pelo menos consegui decidi que colocaria uma calça branca e uma blusa azul floral, com direito ao meu perfume preferido, e aquilo teria que ser suficiente. Quanto ao Bambam e a mãe dele, ainda não sabia o que fazer, mas eles já estavam na porta e eu teria que seguir o conselho da Clara.

Acabou dando tudo certo na entrada, vi Ivana rapidamente pela primeira vez - tive uma ótima primeira impressão, e esperava que ela também - e me apaixonei um pouco mais pelo fofo do Bambam. Eu preferia acreditar que eles não me achavam uma louca.

Como minha irmã estava na sala, fomos para o quarto que eu dividia com a Clara, e ali percebi que a escolha do perfume não poderia ter sido melhor. Até os nossos cheiros combinavam. Eu nunca imaginava que em tão pouco tempo sentiria tanta liberdade com alguém, mas depois de poucas horas juntos, ele, que também achava que ficaria super sem graça na minha casa, deitou na minha cama, e rapidamente fui me aconchegar em seu abraço, e assim ficamos fazendo promessas de nunca esquecer aquilo que estávamos vivendo, pois só podia ser um baita privilégio.

Nos meus 17 anos de vida, nunca tinha beijado alguém na minha casa, muito menos no meu quarto e - principalmente - na minha cama. Mas tudo rolava de uma forma tranquila e natural. Claro que não passaria daquilo por um bom tempo... 

-JÚLIA VOCÊ FICOU LOUCA MESMO NÉ? O que você acha que minha mãe acharia de chegar em casa e ver você AGARRANDO alguém com a porta fechada???? Eu NÃO QUERO ser tia aos dezenove anos.

Clara abriu a porta sem que percebêssemos e entendeu tudo errado. Eu só havia fechado porque a Amora, nossa gata, não estava podendo sair de casa, e com a janela aberta devido ao calor, ela acabaria fugindo. Claro que minha irmã não entendeu isso, mas resolvi ignorar e consegui acalmá-la ao contar que havia comprado o lanche que ela gostava e que ela poderia ir comer antes da gente. O poder da gula me salvou.

Ok. Eu poderia ter sido um pouco inconsequente, realmente minha mãe não ficaria feliz com aquela cena, mas eu só havia feito porque realmente sabia que nada demais aconteceria.

O coitado do Artur que ficou todo sem graça, ele tinha me avisado para não fechar a porta, mas com a castração da Amora marcada não poderíamos correr o risco de ela dar um perdido.

-Me desculpa... bem que você avisou... mas não preocupa! A Clara exagerou e sabe que eu não faria nada assim... nossa, eu só faço bobagem mesm...

Mas ao olhar para a expressão dele, toda a vergonha e o desespero passou, porque vi que ele compreendia também.


-Julha, você sabe que eu te amo como você é, e não precisa ter vergonha de nada comigo, eu amei passar esses dias com você e queria saber se você... bem... se você também gostou e... você quer namorar comigo?

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Serafim Ponte Grande - Oswald de Andrade

Bom dia com o primeiro livro que li no Lev, e posso dizer que amei! Tanto a obra, quanto o e-reader. Estou estudando Oswald de Andrade em Literatura Brasileira, e é simplesmente escancarada a maneira que nosso líder da literatura moderna trabalha com a crítica e com escrita que rompe com os padrões até então impostos.

Com 203 fragmentos, "Serafim Ponte Grande" transmite a rebeldia de Oswald de Andrade com personagens que somem e aparem sem muitas explicações, narração em primeira e em terceira pessoa, anotações íntimas e uma forma de escrita livre e despreocupada com a perfeição da forma.

Quando ao Lev, tudo que me disseram estava correríssimo: apesar de amar papel, ele realmente se assemelha muito à página de um livro, e com ele posso carregar tudo que estou lendo sem destruir minha coluna hahaha muito prático!

#OswalddeAndrade #SerafimPonteGrande #dicasdelivros #leiaumlivro #amoler #literaturabrasileira 📚❤

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Memórias Sentimentais de João Miramar - Oswald de Andrade

Confesso que tive grande dificuldade em me adaptar com essa leitura, que, a princípio, me parecia um pouco confusa. Mas, quando me entreguei à obra, pude finalmente perceber que era muito mais do que o que a estética diferenciada transmitia.

Em uma leitura superficial, Memórias Sentimentais de João Miramar pode parecer apenas um romance que conta sobre a vida de um jovem burguês brasileiro.

No entanto, se trata de uma crítica bem mais profunda.

O livro, escrito em fragmentos, foi uma proposta inovadora de Oswald de Andrade - um dos escritores que liderou o modernismo no Brasil - e retrata retalhos e memórias do passado do narrador.

De um modo geral, a crítica pode ser percebida retratar João Miramar como pertencente de uma rica família, que o coloca em renomados colégios e se casa com uma prima, a fim de manter a riqueza no núcleo familiar. Após se formar, tem a experiência de viajar pela Europa. Todavia, experiência é vazia e superficial, assim
como seu relacionamento e seus laços afetivos.

O livro, publicado em 1924, exige uma leitura rigorosa, e é tão importante para a literatura brasileira quanto Macunaíma, de Mário de Andrade, já que, em ambos os casos, nota-se o esforço de renovação da ficção brasileira.