Para quem não sabe, sou estudante de Letras da UFMG, e nesse semestre tive a oportunidade de estudar esse livro na disciplina de Literatura Brasileira I.
A escolha despertou grande interesse, por ser um livro escrito por uma mulher brasileira, publicado em 1859, em um contexto em que a figura masculina e a europeia eram consideradas intelectualmente superiores.
Além de ser uma das primeiras romancistas brasileiras, Maria Firmina dos Reis foi pioneira também ao abordar o abolicionismo a partir da perspectiva do escravizado, o que desperta maior sensibilidade e entendimento da vivência dos personagens que representam um período duro de nossa história.
O que a princípio pode parecer apenas uma narrativa com um triângulo amoroso, se revela como uma denúncia de injustiças praticadas livremente em uma sociedade autoritária e patriarcal. São abordadas as questões do amor, da dor, do incesto e da morte. No entanto, o que mais distingue a obra é o foco dado a personagens que foram historicamente silenciados, mostrando a realidade que eles enfrentaram a partir de seus relatos pessoais.
Maria Firmina dos Reis foi uma grande inovadora das lutas feministas brasileiras ao fundar em Maçaricó a primeira escola mista e gratuita do Maranhão, além de ter colaborado com pesquisas, atuado como folclorista, na recolha e preservação de textos da cultura e da literatura oral e também como compositora, sendo responsável, inclusive, pela composição de um hino em louvor à abolição da escravatura. Ou seja, um ícone que deve ser lembrado e exaltado, não é mesmo?!
Recomendo muito a leitura, principalmente para os que desejam valorizar e conhecer um pouco mais sobre a nossa história e a nossa literatura.
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