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terça-feira, 26 de novembro de 2019

O Maravilhoso Bistrô Francês - Nina George - Trechos e Frases

Em uma viagem a Paris, Marianne está decidida a tirar a própria vida.

Após tirar os sapatos, o casaco e a aliança que a faz pensar em seus 41 anos de casamento com Lothar, Marianne se direge à Ponte Neuf e pula. Queria acabar com aquele sofrimento, a sensação de estar presa a uma pessoa abominável e de ter desperdiçado sua vida vivendo em função das vontades do marido.

Marianne tem 60 anos, é alemã e não se reconhece mais, nem sabe se um dia já se conheceu. Lothar a fez menosprezar cada parte de seu ser, e ela já não consegue mais viver assim.

Com a Torre Eiffel como cenário, Marianne pula, e finalmente sente algo bom enquanto o Rio Sena preenche seus pulmões.

Eu já conhecia Nina Geoge, do livro A livraria mágica de Paris, que é igualmente emocionante. Eu amo a forma com que Nina aborda questões profundas e escreve livros que te fazem ficar acordada à noite para saber um pouquinho mais sobre o destino dos personagens e refletir por dias.

Em O Maravilhoso Bistrô Francês, acompanhamos a trajetória de diversos personagens, cada um com sua luta, dores e descobertas. Nina coloca em evidência a diminuição da mulher, as consequências de um relacionamento abusivo e como isso pode interferir em nosso interior.

Adorei que parte da história se passe na Bretanha, foi incrível aprender um pouco mais sobre essa região, seus costumes e tradições. Espero que gostem do desfecho de Marianne, agora deixo aqui alguns dos meus trechos preferidos do livro. Beijinhos!

A morte não é gratuita. Custa a vida.
- Quanto custa a minha?
- Nada. Nem uma barganha com o diabo. A culpa é sua. (página 11)

Enquanto caía ao vento, pensou no seguro de vida que não seria pago em caso de suicídio. Perderiam 124.563 euros. Lothar ficaria furioso.
Mas era uma troca justa. (página 11)

 Não quero mais. Não consigo mais. Prefiro morrer a continuar vivendo com você. (página 19)

- O suicídio não é uma doença - começou ele, falando alemão com um forte sotaque francês.
- Não - concordou Marianne.
- Não. É só a culminação de uma tendência patológica. É a expressão do desespero. Do desespero profundo. (página 26)

Aprenda a amá-lo, meu garoto. Aprenda a amar o que você faz, não importa o quê, assim não terá nenhum problema. Você vai sofrer, mas então vai sentir, e, quando sentir, então estará vivendo. As dificuldades são necessárias para viver; sem elas, você morre! (página 51)

Toda mulher é sacerdotisa - disse ela. - Todas elas. - E se virou para Marianne, os olhos cor de violeta claros como a água. - As grandes religiões e seus pastores atribuíram um lugar à mulher ao qual ela não pertence. Relegadas à segunda classe. A deusa se transformou em Deus; as sacerdotisas, em putas; e as mulheres que não quiseram se curvar, em bruxas. E as habilidades especiais de cada mulher, a intuição, a inteligência, o poder de cura, a sensibilidade, foram e são diminuídas. - Ela limpou a terra na calça do macacão com as mãos. - Toda mulher é uma sacerdotisa quando ama a vida. Quando ela encanta a si mesma e àqueles que são sagrados para ela. Já está na hora de as mulheres se lembrarem de que há poderes ocultos dentro delas. A deusa odeia a forma como essas habilidades são desperdiçadas, e as mulheres as desperdiçam demais. (página 115)

Marianne sentia muito por nunca ter demonstrado tanta confiança na amiga quanto esta o fazia. Mas, quem sabe — talvez esse fosse o mais paciente de todos os amores: a amizade. (página 118)

Ela examinou o próprio rosto e os anos marcados nele. As riscas verticais acima do nariz. As rugas ao redor dos olhos. Aquelas que emolduravam a boca. Incontáveis sardas, entre as quais ela esperava não serem tantas as manchas senis. E o pescoço, ah, o pescoço...
Não tinha como mudar: era uma velha. Mas isso significava que não podia ansiar mais por um pouco de beleza?! (página 119)

- Há homens que são bons para a vida, mas não servem como amantes. Também há aqueles para o sexo, mas que não querem ter que lidar com dificuldades e sentimentos.
- É. E ainda há aqueles que não servem nem para uma coisa, nem para outra - resumiu Marieclaude. - Fico sempre com esses - completou ela com um suspiro. (página 121)


- Moda não tem nada a ver com estilo - comentou Colette com sua voz rouca. - Depende apenas de você querer esconder alguma coisa. Ou mostrar quem é. - Ela pegou o braço de Marianne. - Venha. Vamos ver que mulher você está escondendo. E, quando a encontrarmos, não vamos brigar com ela, querendo saber onde estava esse tempo todo. D’accord? (página 122)

Um homem ignorado pelo amor precisava fazer algo estúpido até que conseguisse novamente pensar de forma clara. (página 163)

- Você seria o amante da mulher que ama? - perguntou Simon, sorrateiro.
Jeanremy olhou de Paul para Simon.
- Vocês são malucos. Só se pode ser amante quando não se ama a mulher. Caso contrário, dá ruim. (página 164)

Será que os corações mais duros só revelam sua verdadeira essência quando se quebram? (página 187)

A pergunta se ela o amava era fácil de responder: sim! No amor, existia apenas sim ou não. Não havia não sei. Nem talvez. Esses eram apenas nãos disfarçados. (página 194)

Apenas quando cada um descobria seu verdadeiro lugar no caminhar das coisas, encontrava um sentido. A vida não era muito curta. Era muito longa para desperdiçar indevidamente com falta de amor, ausência de riso e de tomada de decisões. E tudo começa quando a pessoa se arrisca pela primeira vez, falha e percebe que sobreviverá ao fracasso. Sabendo disso, ela arrisca tudo. (página 198)

Não se pode dizer ao amor: venha e fique para sempre.
Só podemos cumprimentá-lo quando ele vem, como o verão, como o outono, e, quando o tempo termina e ele se vai, ele se vai. (página 220)

Você sabe o que é um clitóris?
O rosto dele ficou vermelho-escuro.
- Por favor!
- Então, sabe?
Ele fez que sim com a cabeça e olhou ao redor para ver se alguém estava ouvindo.
- Por que você nunca se importou com o meu? (página 233)


Não sei por que nós, mulheres, acreditamos que abdicar de nossos desejos nos tornará pessoas mais dignas do amor dos homens. O que temos na cabeça? Quem abdica de seus desejos merece mais amor do que aquelas que perseguem seus sonhos? (página 237)

A pessoa deve ganhar o amor com sofrimento?
Lágrimas de riso escorriam de seus olhos. Ela esperava de todo coração que as gerações de mulheres que viessem depois dela fossem melhores. Mulheres educadas por mulheres que não igualavam renúncia e amor. (página 238)



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